Criar filhos bilíngues já é uma realidade que se repete em famílias de vários lugares do mundo. São inúmeros os benefícios cognitivos, acadêmicos e sociais na aprendizagem de outros idiomas, e isto tem incentivado pais do mundo todo a obterem dicas sobre como educar seus filhos, desde cedo, para que sejam bilíngues. O que, a princípio, parece ser uma tarefa difícil, acaba sendo vantajoso para as crianças, uma vez que aprendem muito mais rápido sobre qualquer coisa. Para aproveitar este momento único na vida, vale a pena os pais se esforçarem para ajudar seus pequenos. Mas muitos não sabem como começar, já outros têm receio de prejudicá-los de alguma forma. Embora existam vários mitos sobre o bilinguismo, no post de hoje daremos dicas para criar filhos bilíngues. Você vai ver que ensinar duas línguas para seu filho será, além de prazeroso, muito gratificante. Confira!

 

Existe período ideal para começar o ensino bilíngue?

Vários estudos já comprovaram que o melhor período para começar a ensinar o bilinguismo é na infância, mais precisamente até os 10 anos (acredite: a partir dos três meses, os bebês já conseguem diferenciar os idiomas!). Essa é a fase em que os pequenos absorvem tudo com mais facilidade, além de ser um estímulo a mais para o cérebro e para as habilidades cognitivas. Se, por exemplo, elas conviverem com nativos, aprenderão praticamente sem esforço algum, pois o simples fato de estarem ouvindo-os será o suficiente para conseguirem imitar o sentido das frases e até o sotaque. 

Pesquisas também mostraram que mesmo que a criança não consiga ter conhecimento de uma língua tão bem quanto a outra, saber um idioma a mais ainda poderá ajudar, pois os bilíngues são mais inteligentes, possuem melhores habilidades interpessoais e cérebros mais desenvolvidos comparados aos monolíngues.

 

Dicas para criar filhos bilíngues

Se você quer saber como criar um filho bilíngue, a primeira dica é: não espere muito, comece o quanto antes. A seguir, você vai poder conferir mais algumas dicas. Leia, aprenda e tente colocá-las em prática com o seu pequeno:

 

# Um idioma para cada um dos pais

Quando a língua materna do pai é diferente da língua materna da mãe, ambos devem falar o idioma nativo com o filho em casa e fora dela. Se o pai for americano, ele deve falar inglês com o seu pequeno. Se a mãe for brasileira, português. E se esta família morar nos Estados Unidos, o inglês será a língua majoritária e, naturalmente, o filho irá usá-la regularmente tornando-se fluente bem mais rápido. 

Para o filho não esquecer o português, a mãe brasileira  deve ter cuidado extra para permitir que ele pratique bastante o português que, neste caso, é a língua minoritária. 

Vários especialistas afirmam que são necessárias, pelo menos, 25 horas por semana de prática da língua minoritária (Isso é aproximadamente 30% das horas em que a criança está acordada, dependendo da rotina. Quantidades menores que 20 horas por semana podem ser motivo de preocupação.). Portanto a mãe deve agir naturalmente, conversar com seu filho de forma natural, como se estivesse no seu país de origem. Ela também deve proporcionar a leitura de livros, assistir a filmes e desenhos, ouvir músicas e interagir com a família natural da sua língua. Tudo isso vai ajudar na criação de um filho bilíngue. 

Tornar a língua minoritária uma prioridade desde o início reforçará as chances de alcançar o sucesso a longo prazo. 

 

# Em casa, somente a língua minoritária

Quando os pais são fluentes em ambas as línguas, uma opção bem legal para a prática do bilinguismo é falar a língua minoritária em casa. Um pai brasileiro cria os filhos na Inglaterra com a esposa inglesa que também fala português. Nesse caso, todos usam o português em casa e o inglês quando estão fora. Para os filhos, o lar torna-se o local para a mudança de idioma. As crianças irão progredir efetivamente.

 

# Buscar informações

Procure se informar a respeito de crianças e bilinguismo. Assim você terá mais capacidade de promover o desenvolvimento da proficiência linguística do seu pequeno. Além de obter informações em sites, livros e com outros pais, busque por associações que trabalham com o bilinguismo ou pais em sua região, para que você tenha um melhor auxílio.

 

# Não dar importância a opiniões negativas

Muito provavelmente você irá escutar muitas opiniões de familiares, amigos, conhecidos… Cada um terá uma opinião sobre o assunto. É possível que digam que você vai confundir o seu filho, que ele enfrentará outras dificuldades ao ser educado bilíngue, que você está forçando a criança, que você deveria desistir da ideia, que não há necessidade disso agora, entre outros. Não dê ouvidos. Não permita que tais comentários te bloqueiem. Não os leve tão a sério. Se você for paciente, argumente e apresente os benefícios acerca do bilinguismo. Ou se preferir, concorde e siga em frente. Não há uma fórmula mágica que funcione para todas as famílias que querem criar filhos bilíngues. O que se sabe é que se seu filho aprender desde cedo, chegará a vida adulta com um vocabulário e fluência de dar inveja.

 

# Escolha da escola

A forma que a família decidir criar o filho bilíngue também poderá depender das decisões escolares que você fizer. A escola será na língua majoritária ou minoritária? Terá uma combinação das duas? Haverá aulas em casa? Preste atenção na exposição da criança aos idiomas e tente manter um equilíbrio entre os dois. Como já dito na primeira dica, a língua minoritária necessita de 25 horas de exposição semanal. 

Por outro lado, se o seu filho frequentar a escola no idioma minoritário, poderá ser necessário reforçar alguns aspectos da língua majoritária, como a leitura e a escrita, por exemplo.

 

# Escola bilíngue 

Se você tiver condições, opte por uma escola bilíngue experiente. Pequenos bilíngues podem enfrentar alguns obstáculos quando entram em uma instituição de ensino em que as expectativas de desempenho são projetadas para monolíngues. Algumas atividades podem se tornar um desafio para eles devido à interferência da linguagem, mesmo ele sendo proficiente nos dois idiomas. A escolha da escola certa pode ser essencial para o desenvolvimento bilíngue do seu filho. Por isso, informe-se a respeito de escolas que oferecem esse tipo de ensino. Você estará certamente investindo, desde a infância, na futura carreira dele.

 

# Interação divertida

Criar filhos bilíngues não é uma tarefa fácil para ninguém. A criança pode resistir a falar na língua minoritária, por isso, sempre que puder, procure tornar a experiência agradável. Quando a interação é divertida, certamente essa resistência tende a diminuir. Implemente na rotina atividades com livros, histórias, enigmas, jogos, etc., que podem fomentar o desenvolvimento da linguagem de forma alegre.

 

# Conversar, conversar 

Pesquisas comprovaram que há uma correlação positiva entre a quantidade de linguagem utilizada pelos pais com seus filhos nos primeiros anos e a habilidade desses pequenos na língua mais tarde. 

Ou seja, haverá um enorme impacto no desenvolvimento da linguagem desde o nascimento até os 3 anos, se houver bastante conversa com a criança. Não precisa ficar o tempo inteiro falando, pois ela também precisa de momentos de silêncio para que o cérebro consolide as descobertas do dia. Mas uma conversa com qualidade será muito produtiva. 

 

# Não misturar os idiomas

Tente não misturar as línguas. Quando Isso acontece, seja em uma frase ou muda abruptamente no meio de um tópico, seu filho pode ficar confuso. É se ele perceber que você fala os dois idiomas, certamente vai te responder na língua majoritária, e não na minoritária, que você quer tanto que ele aprenda.

 

# Deslizes acontecem, não se culpe

Sabemos que é praticamente uma missão impossível seguir a fio uma estratégia o tempo inteiro. Se você falar de vez em quando a língua minoritária com seu cônjuge ou alguém próximo, não prejudicará necessariamente o desenvolvimento da linguagem do seu filho.

 

# Período da alfabetização: respeite o ritmo do seu filho 

Quando o assunto é introduzir leitura e escrita em uma segunda língua, não há um consenso. Um grupo diz que pode ser confuso ensinar ao mesmo tempo que a primeira; já outro diz que a alfabetização tardia pode atrasar desnecessariamente o progresso educacional. A alfabetização em um segundo idioma pode ser um desafio, mas tudo depende do pequeno. Alguns  aprendem a ler e escrever com certa facilidade, outros lutam por muitos anos. Deixe o seu filho tomar as rédeas, mas sempre incentivando-o. Peça, por exemplo, para ele ler uma lista de supermercado que está escrita no idioma que não é o aprendido na escola.

Tenha paciência, cada criança tem seu tempo, respeite. 

 

# Não corrigir os erros com muita frequência

Corrigir o seu filho se disser alguma coisa errada ou no idioma errado é normal, mas não faça isso com muita frequência, pois pode interromper o fluxo da conversa e deixar o pequeno frustrado. Em vez disso, você pode reformular a frase como se estivesse pedindo explicações. É importante não interromper no meio da frase quando a criança estiver falando. Espere até que ela termine seu pensamento e, com todo carinho, diga o que foi falado errado. Com isso, além de encorajar o fluxo da conversa, permitirá que ela faça perguntas. É muito importante não rir do erro do pequeno. Procure sempre recompensá-lo pelo esforço. 

 

# Se seu filho misturar os 2 idiomas não se preocupe

Uma preocupação comum entre os pais de filhos bilíngues é que eles irão misturar os idiomas. Não se preocupe se isso acontecer ao falar com você. Isso só mostra que eles ainda não dominam bem as duas línguas. Isso acontece porque eles sabem que você pode entendê-los e é por isso que eles o fazem. Esse fenômeno é chamado de troca de código na linguística, e as pessoas tendem a mudar de um idioma para outro porque é comum em sua família. É muito raro, e geralmente acontece apenas com crianças muito pequenas. 

 

# Mídia ou TV sozinhas, não! 

Você não deve confiar na TV ou na mídia sozinhas para que seu filho aprenda outro idioma. Quando isso acontece, você está treinando apenas as chamadas habilidades passivas, aquelas que estão ligadas à percepção, ou seja, audição e leitura. Seu filho provavelmente acabará sendo capaz de entender a língua muito bem, mas terá dificuldades em se expressar no idioma.  Isso não significa que você não deva incorporar esses ótimos recursos de mídia úteis para ensinar uma linguagem para seus filhos, apenas procure equilibrá-los com conversas significativas, jogos, tarefas escritas e atividades interativas. 

* Você não precisa ser um falante nativo para criar filhos bilíngues. Embora seja benéfico ser fluente, não é impossível ensinar um idioma que você não conhece perfeitamente. Vai demandar mais trabalho e esforço em comparação com falantes nativos, já que você terá que aprender e melhorar constantemente junto com seu filho bilíngue, mas os resultados valerão muito a pena.

 

Conclusão 

Essas são algumas das inúmeras dicas para criar filhos bilíngues. Espero que elas possam lhe ajudar na criação dos seus pequenos. 

 Como você pode observar, cada dica tem seus próprios benefícios. Dependendo da situação, você pode combinar algumas delas. Se não funcionar, não tenha receio de mudar.

Tenha em mente que o desenvolvimento bilíngue de uma criança é um processo de longo prazo, que deve ser vivido um dia de cada vez, através de hábitos e rotinas regulares. Esforce-se, dê o seu melhor e, assim, você verá seu filho avançar pequenos passos todos os dias. Você vai ouvir frases sem sentido, palavras pronunciadas incorretamente, confusão entre os idiomas.   Assim como durante o aprendizado da língua majoritária, é um processo gradual. Quando você olhar para trás, perceberá que foi uma jornada que valeu – e vale – muito a pena.

Mas não se esqueça: crianças, com todo o seu potencial de aprendizagem, continuam 

sendo crianças! Portanto, tudo deve ser feito com amor, paciência e persistência. O resultado é certo. Que elas possam aprender se divertindo! 

 

E você, qual o método que você utiliza para criar filhos bilíngues? Tem alguma dica que não está descrita neste post? Conta pra gente nos comentários!

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